Eles começaram em 2006 com um pequeno templo na Lapa. Cinco anos depois, fazem os últimos preparativos para inaugurar a quinta unidade da Igreja Cristã Contemporânea, sábado, às 19h30, em Madureira, e se preparam para abrir mais dois endereços em Niterói e Duque de Caxias em abril. Os pastores Marcos Gladstone e Fábio Inácio contam nessa entrevista por que acreditam na expansão da fé que inclui os gays.
Religião e fé: Como é hoje a estrutura da igreja?
Pastor Fábio: Em Madureira, já começamos com mais 200 membros. Nossa expectativa é muito grande, além dessa, vamos inaugurar mais duas igrejas. O primeiro templo foi aberto há quatro anos, na Lapa. Hoje, já estamos em Campo Grande, Nova Iguaçu e Belo Horizonte
RF: Haverá uma celebração especial?
PF: Vamos fazer uma celebração especial de inaguração. O espaço está bem bonito, todo reformado. Vamos ter apresentações de transexuais que tocam violão, mostrando que a religião é inclusiva. Em que igreja um travesti poderia cantar ou tocar um violão? Temos um transexual que é obreiro da igreja. O repertório da nossa celebração é o mesmo de outras igrejas evangélicas.
RF: Muitos religiosos acusam a Igreja Cristã Contemporânea de contrariar a moral evangélica. Como respondem a essas críticas?
Pastor Marcos: A nossa resposta ao preconceito é abrir igrejas inclusivas mostrando que pessoas podem ser aceitas. Se a gente cresce é porque existe uma demanda de pessoas que são excluídas. Por causa do preconceito que existe dentro das igrejas. Infelizmente esse é o motivo do nosso crescimento. Temos que abrir mais igrejas porque a população GLBT mostra que não há aceitação.
RF: O público heterossexual também é aceito?
PM: Claro. A maioria dos nossos fieis é de homossexuais, um percentual de 95%, tanto de homens como de mulheres, com número maior de homens. Os 5% restantes são de transexuais e heteros. Temos casais heterossexuais que frequentam na nossa igreja, pessoas que gostaram e que nós acolhemos. Todos são aceitos. Nossos pais e mães também congregam com a gente.
RF: A Igreja Cristã Contemporânea quebrou um tabu celebrando casamentos gays. Quantos já foram realizados?
PM: Já celebramos uns 50 casamentos e muitos batizados, uns 500. As pessoas chegam muito sofridas, sem planos, sem futuro, não se dão valor, têm autoestima muito baixa. Trabalhamos autoestima, as noções de amor, relacionamentos. Eles não acreditam que é possível se casar, amar e serem amados. Às vezes, temos que encaminhar ao psicólogo.
RF: A Igreja ainda enfrenta muito preconceito?
PM: Hoje, muito mais gente nos vê com bons olhos. Mas já tentamos alugar um imóvel e a proprietária disse que para abrir uma Igreja Contemporânea não alugaria, disse que “nem pensar”. Era uma pessoa evangélica, que não aceita a gente de jeito nenhum.
RF: Como respondem a esse preconceito?
PM: Nosso trabalho além de ser cristão é um trabalho social. Pegamos pessoas no vício, nas drogas, na prostituição e os resgatamos. Tudo feito com apoio das famílias, das mães que freqüentam a igreja. No retiro de carnaval, tivemos a participação de um casal hetero que foi até batizado. Infelizmente a maioria dos membros são homossexuais porque as outras igrejas não os aceitam. Temos um fiel que é um travesti, que frequentava uma igreja na Barra da Tijuca. Compraram roupas de homem de presente e deram para a travesti. Ela nunca mais voltou na igreja porque não se sentia mais bem. A igreja impõe que haja uma mudança. Temos que encaminhar essas pessoas a psicologos, chegam com uma concepção de vida deturpada e destruídas. Isso é muito triste.
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